Natal: Presenteie com literatura!
Epígrafe
“Não sejas o de hoje.
Não suspires por ontens.
Não queiras ser o de amanhã.
Faze-te sem limites no tempo.
Vê a tua vida em todas as origens.
Em todas as existências.
Em todas as mortes.
E sabe que serás assim para sempre.
Não queiras marcar a tua passagem.
Ela prossegue: É a passagem que se continua.
É a tua eternidade. . .
É a eternidade. És tu.”
Cecília Meireles
Aviso de Spoiler" excerto literário*
... Durante as festividades do aniversário da cidade de Colibri, o Grupo Carcarás liderado por Roberto e Olga apresenta o espetáculo inspirado no clássico do teatro de Arena “Arena Conta Zumbi”**. Apresentam uma releitura do descobrimento do Brasil. Simultâneo à apresentação, o grupo de remanescentes quilombolas e sem-terra ocupa parte da fazenda Jequitibá. O secretário fica furioso com a apresentação, tenta interromper o espetáculo e é aconselhado pelo pai a deixar seguir.
Peça: Carcarás Conta Cabral
O coro se agita colocando sobre ele a capa antes usada pelo Arauto e voltam à posição inicial.
1ª Voz do coro: (Recitando com sotaque português trechos da Carta de Caminha) “...A terra em si é de
muitos bons ares assim frios e temperados como os de Entre-Doiro-e-Minho. Águas são muitas e infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem, porém o melhor fruto que nela se pode fazer me parece que será salvar esta gente e esta deve ser a principal semente que vossa alteza em ela deve lançar... Andam nus sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa de cobrir nem mostrar suas vergonhas e estão acerca disso com tanta inocência como têm de mostrar no rosto. (...) As moças bem novinhas e gentis, com cabelos mui pretos, compridos pelas espáduas, e suas vergonhas tão altas, tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras que, de as muito bem olharmos, não tínhamos nenhuma vergonha.”
Mariana se destaca do Coro, caracterizada como índia. (Pele nua coberta somente por tintas) Robério que não sabia da participação da filha na peça fica estarrecido. Cristiane segura as mãos contendo um aplauso sob o olhar atento de Ricardo, que parece desaprovar o espetáculo..." ( PEIXOTO, 2025, p.215-219)
Peça: Carcarás Conta Cabral
O Coro, todos vestidos de carcarás, deitados no chão do palco. Olga representa o Arauto, vestida com as cores da bandeira nacional, no centro do palco, posicionada como a “estátua do Cristo Redentor”.
Arauto: “Filhas e filhos de Colibri, não se enganem com as cores que cobrem minha negra pele, tão qual esta terra, fui coberta por esta bandeira, símbolo de nacionalismo do povo brasileiro! O verde que me vestiram faz memória às florestas devastadas, o amarelo simboliza o ouro de Serra Pelada e tantos outros extraídos e contrabandeados, sob o olhar complacente do Céu azul anil onde voam brancas pombas da paz!”
O Coro, sem se mover, numa voz única que sai da terra, declama:
Coro: Carcará ficou preso na terra. Carcará não pode voar para Palmares... Carcará hoje é beija-flor na floresta que queima... Carcará não apaga incêndio... sopra a chama que queima!!!
Arauto: Carcará sussurra as dores da “Pachamama que clama!”
O Coro inicia uma coreografia ao redor dela, as cores da bandeira dão lugar a um manto marrom simbolizando a terra devastada. Os carcarás posam ao redor dela.
1ª Voz do coro: (Roberto se destaca, sem a capa, usando somente uma tanga) Foi num dia quente de muito sol... meu povo se banhava no mar... quando as águas se agitaram... o vento soprou mais forte trazendo pra terra firme as tais caravelas...”
O coro se agita colocando sobre ele a capa antes usada pelo Arauto e voltam à posição inicial.
1ª Voz do coro: (Recitando com sotaque português trechos da Carta de Caminha) “...A terra em si é de
muitos bons ares assim frios e temperados como os de Entre-Doiro-e-Minho. Águas são muitas e infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem, porém o melhor fruto que nela se pode fazer me parece que será salvar esta gente e esta deve ser a principal semente que vossa alteza em ela deve lançar... Andam nus sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa de cobrir nem mostrar suas vergonhas e estão acerca disso com tanta inocência como têm de mostrar no rosto. (...) As moças bem novinhas e gentis, com cabelos mui pretos, compridos pelas espáduas, e suas vergonhas tão altas, tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras que, de as muito bem olharmos, não tínhamos nenhuma vergonha.”
Mariana se destaca do Coro, caracterizada como índia. (Pele nua coberta somente por tintas) Robério que não sabia da participação da filha na peça fica estarrecido. Cristiane segura as mãos contendo um aplauso sob o olhar atento de Ricardo, que parece desaprovar o espetáculo..." ( PEIXOTO, 2025, p.215-219)
* PEIXOTO, Lúcia Martins - Herança Mal Dita - 1. ed. Editora da Galeria, 2025. São José dos Campos, SP.
** Arena Conta Zumbi é um marco do teatro musical brasileiro, estreando em 1º de maio de 1965 no Teatro de Arena, em São Paulo. Escrito por Gianfrancesco Guarnieri e Augusto Boal, com trilha sonora de Edu Lobo, o espetáculo utilizou a história da resistência do Quilombo dos Palmares como uma metáfora crítica à ditadura militar recém-instalada no Brasil.
"Sonho que se sonha só
É só um sonho que se sonha só
Mas sonho que se sonha junto é realidade"
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